terça-feira, 22 de março de 2011

Revolta de trabalhadores no Jirau-Ro



Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) afirma em nota que "os mais de 15 mil operários da obra [ da usina hidrelétrica de Jirau] estão em situação de superexploração". Em fevereiro, jornais de Rondônia noticiaram uma visita de técnicos do BNDES no local. Até o momento, a assessoria de imprensa do banco não soube informar os resultados dessa visita. Leia a íntegra da nota do MAB.

"Nesta semana acompanhamos a revolta dos operários na Usina Hidrelétrica de Jirau contra as empresas que controlam a barragem. Existem informações de que os mais de 15 mil operários da obra estão em situação de superexploração, com salários extremamente baixos, longas jornadas e péssimas condições de trabalho, que existe epidemia de doenças dentro da usina e não existe atendimento adequado de saúde, que o transporte dos operários é de péssima qualidade, sofrem com a falta de segurança e que mais de 4.500 operários estão ameaçados de demissão. Esta é a realidade da vida dos operários.

Esta situação tem como principal responsável os donos da usina de Jirau, o Consórcio formado pela transnacional francesa Suez, pela Camargo Corrêa e pela Eletrosul. As revoltas dos operários dentro das usinas tem sido cada vez mais frequentes e isso é fruto da brutal exploração que estas empresas transnacionais impõem sobre seus trabalhadores.

Há pouco tempo houve revolta na usina de Foz do Chapecó, também de propriedade da Camargo Corrêa, em 2010 houve a revolta dos operários da usina de Santo Antonio e agora temos acompanhado a revolta dos operários da usina de Jirau.

As empresas construtoras de Jirau são as mesmas que foram denunciadas em recente relatório de violação de Direitos Humanos, aprovado pelo Governo Federal, que constatou que existe um padrão de violação dos direitos humanos em barragens e de criminalização, sendo que 16 direitos têm sido sistematicamente violados na construção de barragens. Os atingidos por barragens e os operários tem sido as principais vítimas.

A empresa Suez, principal acionista de Jirau, é dona da Barragem de Cana Brava, em Goiás, e Camargo Corrêa é dona da usina de Foz do Chapecó, em Santa Catarina. Essas duas hidrelétricas também foram investigadas pela Comissão Especial de Direitos Humanos em que foi comprovada a violação. Estas empresas tem uma das piores práticas de tratamento com os atingidos e com seus operários.

Em junho de 2010, o MAB já havia alertado a sociedade que em Jirau havia indícios e denúncias, que circularam na imprensa local, de que as empresas donas da Usina de Jirau haviam contratado ex-coronéis do exército para fazer uma espécie de trabalho para os donos da usina de Jirau e não seria surpresa se estes indivíduos contratados pelas empresas promovessem ataques ou sabotagens contra os operários e atingidos, para jogar uns contra os outros e/ou criminalizar nossas organizações e sindicatos.

A revolta dos operários é reflexo desse autoritarismo e da ganância pela acumulação de riqueza através da exploração da natureza e dos trabalhadores. Prova desse autoritarismo e intransigência é que estas empresas se negam a dialogar com os atingidos pela usina e centenas de famílias terão seus direitos negados. As consequências vão muito além disso, pois nesta região se instalou os maiores índices de prostituição e violência.

Em 2011, O MAB completa 20 anos de luta e os atingidos comemoram a resistência nacional, mas também denunciam que estas empresas não tem compromisso com a população atingida e nem com seus operários. Recebem altas taxas de lucro que levam para seus países e o povo da região fica com os problemas sociais e ambientais.

O MAB vem a público exigir o fim da violação dos direitos humanos em barragens e esperamos que as reivindicações por melhores condições de trabalho e vida dos operários sejam atendidas."

Água e energia não são mercadorias!
Coordenação Nacional
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Explosão mata Um Trabalhador

Um grave acidente de trabalho vitimou dois operários que executavam serviços de solda em um tanque de gasolina, na cidade de Breu Branco, sudeste do Pará no dia 11 de março. Um funcionário morreu.

Raimundo Fagner da Silva Castro, 23 anos, teve morte instantânea ao ser arremessado a uma distância de 30 metros de altura. Ele foi parar em cima do telhado de uma casa a 40 metros distante do local do acidente. O outro homem, identificado por Alisson, permanece internado em estado grave no Hospital Regional de Tucuruí.

Explosão
Uma explosão despertou a atenção dos moradores da cidade de Breu Branco. "Parecia uma bomba explodindo", disse o professor Jessé, que estava numa escola a aproximadamente 500 metros do local do acidente. Segundo ele, o estrondo foi ouvido na cidade inteira.

De acordo com o pai da vítima, Francisco Ferreira de Castro, o serralheiro Dico, seu filho havia recebido a empreita para reformar o tanque de gasolina que estava abandonado num terreno próximo à delegacia da cidade. "Ele queria terminar o trabalho o mais rápido possível", explica Dico, que informou também que seu filho havia trabalhado o dia anterior com serviço de pintura interna do tanque. "Eles trabalharam até meia-noite de quinta-feira, 10 de março, executando serviços de pintura".

Vítima e ajudantes chegaram para soldar o tanque, que havia recebido pintura menos de 12 horas antes. O serralheiro acredita que a tinta misturada à gasolina e aplicada no interior do tanque tenha sido a causa da explosão. "Meu filho foi apenas concluir o serviço, que não demoraria 30 minutos para terminar. Era um orifício de pouco mais de 10 centímetros de diâmetro".

Outro homem, identificado como "Zé do Rato", também executava o serviço, mas saiu segundos antes da explosão para deixar uma criança do outro lado da rua.

A dona do imóvel disse que havia saído pouco minutos antes e quando retornou "já estava cheio de gente aqui. Foi um grande susto ver aquele homem em cima do meu telhado".

A violência do estrondo causou a amputação do braço esquerdo da vítima, que também teve o corpo parcialmente queimado e várias fraturas expostas. O corpo de Fagner foi sepultado na manhã de sábado, 12.